Para o presidente da Apac, Marcelo Asfora, a unidade de Serro Azul,
única que foi construída, absorveu um terço do impacto das águas. As outras,
segundo ele, trabalhariam em conjunto e absorveriam os outros dois terços.
Por
G1 PE
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Presidente da Apac comenta previsão do tempo e situação das barragens após as chuvas |
A conclusão de
quatro das cinco barragens projetadas há sete anos pelo governo de Pernambuco
para evitar enchentes na Zona da Mata, como a que ocorreu no domingo (28),
deixando dois mortos, duas pessoas
desaparecidas e mais de 30 mil desabrigados, é essencial
para o funcionamento do sistema de contenção de rios na região. A afirmação é
do presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac-PE), Marcelo
Asfora. Segundo ele, caso as unidades tivessem sido finalizadas, seria possível
reduzir a força da cheia.
“A Barragem de
Serro Azul, a única que foi construída, absorveu um terço do impacto das águas.
As outras atuariam em conjunto em absorveriam os outros dois terços”, afirmou.
As barragens
citadas pelo presidente da Apac foram planejadas logo depois da enchente de
2010. Na época, 68 cidades foram afetadas na Zona da Mata Sul e no Agreste. Em
conjunto, as cinco unidades teriam como objetivo fazer a contenção nos rios
Uma, Pirangi, Sirinhaém, Panelas e seus afluentes.
De acordo com
Asfora, em Palmares, uma das cidades mais importantes da Mata Sul pernambucana,
o nível do Rio Una atingiu 4,1 metros acima do nível de transbordamento. “Mesmo
com Serro Azul em funcionamento, tivemos esse impacto todo. Por isso, a atuação
em conjunto de todas as unidades seria importante., observou.
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Ribeirão, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, registrou maior chuva desde 1982 (Foto: Reprodução/TV Globo) |
O projeto
previa as Barragens de Serro Azul, Igarapeba, Panelas II, Gatos e Barra de
Guabiraba. Com investimento de R$ 500 milhões, sendo R$ 300 milhões do governo
estadual e R$ 200 do orçamento federal, Serro Azul ficou pronta. Hoje, acumula
35 milhões e metros cúbicos de água.
As outras
custariam juntas R$ 538,4 milhões e protegeriam outros municípios atingidos
pela enchente de domingo, como Belém de Maria, Lagoa dos Gatos, Maraial e
Jaqueira. Com exceção de Lagoa dos Gatos, as outras cidades estão entre as 15 em estado de
calamidade decretada pelo governo pernambucano.
Sete anos
depois do projeto inicial, o governo informa que faltaram recursos federais
para as obras. De acordo com a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, será
preciso fazer novas licitações para retomar as obras. A maioria delas só
ficaria pronta depois de pelo menos um ano de trabalho. “Com o passar do tempo,
foi preciso desmobilizar as estruturas”, afirmou o presidente da Apac, Marcelo
Asfora.
Situação atual
De acordo com
com documentos do governo do estado, a Barragem Gatos, em Lagoa dos Gatos, teve
20% da obra executada. O serviço foi paralisado em 10 de outubro de 2014. Com
investimento incial de R$ 82,8 muilhões, ela poderá acumular 7, 3 milhões de
metros cúbicos.
A função da
unidade é conter enchentes nos Rios Gatos, Pirangi e Una. Ela beneficiaria 50
mil habitantes. O último repasse de recursos federais ocorreu em 2011, com R$
4,6 milhões.
A Barragem de
Panelas II foi paralisada com 47% das obras executadas, em outubro de 2014. A
função dessa unidade é conter as enchentes nos Rios Panelas, Pirangi e Una.
O custo inicial
previsto era de R$ 109, 5 miilhões. O último repasse chegou em setembro de
2014, com R$ 18 milhões. A unidade terá capacidade para armazenar 22, 3 milhões
de metros cúbicos e beneficiaria 85 mil pessoas.
Em Barra de
Guabiraba, a barragem de mesmo nome foi paralisada em agosto de 2015. Foram
executados 25% dos serviços preivstos. A unidade estava orçada inicialmente em
R$ 94,5 milhões e o último repasse chegou com R$ 16,9 milhões, em agosto de
2015.
A barragem tem
como objetivo conter as cheias no Rio Sirinhaém e garantir abastecimento no
Agreste, com capacidade de acumulação de 19 milhões de metros cúbicos. Para
finalizar os trabalhos, seriam necessários 12 meses.
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Rio Ipojuca (Foto: Alexandre Henrique/Arquivo Pessoal) |
Em São Benedito
do Sul, foi inciada a obra da Barragem de Igarapeba. Ela beneficiaria 350 mil
habitantes da região ao conter a enchente dos Rios Pirangi e Una. Também teria
papel de abastecimento e capacidade de acumular 68 ,milhões de metros cúbicos
de água.
Teve
finalizados 38% dos trabalhos, que foram paralisados em junhos de 2015. O
orçamento incial era de R$ 251,6 milhões e o último repasse chegou em junho de
2015, com R$ 48,8 milhões. Para encerrar a obra, seriam necessários 18 meses.
Calamidade
As chuvas
intensas provocaram transtornos e
mudaram a rotina das unidades de
ensino. Nesta segunda (29), há duas unidades do IFPE e uma da
Universidade de Pernambuco (UPE) sem aulas. Ipojuca, no Grande Recife, também
não abriu as portas das suas escolas. Um dos municípios mais atingidos pelas
águas, Ribeirão transformou suas escolas em pontos de abrigo para os
desabrigados.
De acordo com o
governo estadual, ao todo, há 15 municípios estão em
estado de calamidade, somando população total de 787.245 mil
habitantes. São eles: Rio Formoso, Ribeirão, Água Preta, Palmares, Catende,
Maraial, Belém de Maria, Barreiros, Amaraji, Barra de Guabiraba, São Benedito
do Sul, Cortês, Jaqueira, Gameleira e Caruaru.
O estado
registra mais de 30 mil desabrigados e desalojados. As chuvas também
ocasionaram duas mortes em Lagoa dos Gatos, e duas pessoas estão desaparecidas
em Caruaru. De acordo com o governador, há 16 sistemas de abastamento de água
paralisados, atingindo 2,2 milhões de pernambucanos.
No domingo
(28), em reunião com o governador Paulo Câmara (PSB), no Palácio do Campo das
Princesas, o presidente
da República, Michel Temer, autorizou o
envio de ajuda humanitária para atender as cidades pernambucanas em estado de
calamidade devido às fortes chuvas que caíram nos últimos
dias, na Zona da Mata Sul e no Agreste do estado. E se comprometeu com a
liberação de uma linha de crédito de R$ 600 milhões, junto ao BNDES, para obras
no estado.
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Rio Formoso, uma das cidades atingidas pelas chuvas, no Litoral Sul de Pernambuco (Foto: Bruno Grubertt/TV Globo) |
Solidariedade
Para ajudar as
famílias que perderam praticamente tudo nas enchentes, diversas instituições e
entidades realizam arrecadação de alimentos não perecíveis e objetos de higiene
pessoal. Há pontos de coleta no Recife, em Olinda e nos 15
campi do do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).
Entenda as fortes chuvas
No Nordeste, as chuvas ocorrem por causa
de um fluxo de vento que vem do oceano carregado de ar
úmido, formando nuvens carregadas na costa e na Zona da Mata. De acordo com o
meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, trata-se de um sistema
chamado onda de leste, comum nesta região no outono e inverno.
Água acumulada
As chuvas que
caem no Grande Recife desde a quinta-feira (25), são responsáveis pelo
acúmulo de água nas barragens que garantem o abastecimento na capital
pernambucana e na Região Metropolitana. Dos quatro
reservatórios, Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, foi o que mais registrou
aumento. Em cinco dias, o nível subiu 27,87%.
De acordo com a
Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), na quinta-feira (25) o nível do
reservatório estava em 46,06%. No domingo (29), Pirapama registrava 73,93% da
capacidade.
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